Arthur
No final de 2015, o São Luiz passou por uma mudança há muito necessária. O mercado exibidor vem sofrendo uma renovação tecnológica. É um processo cíclico que garante uma série de melhorias. Com o crescente número de produções em qualidade digital, os projetores de 35mm tornaram-se obsoletos. Para se adaptar à tecnologia cinematográfica atual, o Cinema conquistou (através de muita luta) o direito de utilizar um projetor digital, tornando-se hábil a continuar lançando as mais recentes obras da 7ª arte.
Com a chegada do Projetor Barco 23B 4K com capacidade para filmes em 3D, além dos novos processadores e amplificadores de som formato Dolby 7.1, o São Luiz tornou-se novamente uma das mais modernas salas de cinema do Brasil, no que diz respeito a Som e Imagem. Para operar essa tecnologia, foi preciso capacitar os profissionais. Foi diante desse cenário que Arthur Abdon, de 24 anos, se tornou o mais novo projecionista do Cinema.
Aos 18 anos, ele conquistou o seu primeiro emprego formal como lanterninha, através de um edital realizado pela FUNDARPE na Torre Mallakof (Bairro do Recife). "Durante esse tempo, eu tinha que assistir a todas as sessões; no caso de Tatuagem (que exibimos durante meses) eu já sabia todas as falas de Fininha e Clécio", brinca o projecionista. "Fui pegando gosto pela arte do cinema, confesso; com o tempo, passei a me envolver cada vez mais com os filmes que assistia e, consequentemente com o meu trabalho".
Após a chegada da nova tecnologia de exibição, ele passou a acompanhar os profissionais no treinamento. "Foi Geraldo Pinho (programador) quem me incentivou a aprender o novo ofício; talvez pelo fato de eu ser mais novo e estar mais adaptado com as novas tecnologias" diz o projecionista. Ele não demorou muito para se familiarizar com o novo aparelho e ao longo dos últimos sete meses vêm exercendo a função com entusiasmo. "Pra mim é muito massa fazer o que faço aqui" conta, "colocar tudo pra funcionar e ver as pessoas maravilhadas com esse lugar é uma experiência incrível".
Desde novembro de 2015, Arthur opera o Projetor Barco. No último mês de maio, ele trabalhou assiduamente no Cine PE (um dos principais festivais de cinema do país) e lembra como foi a experiência: "Pra mim não teve sensação melhor do que ver essa casa cheia, as pessoas lotando a bilheteria ou esperando no Quem Me Quer pelo início da sessão; foi como ver a vida que meus pais tanto falavam voltar à essa parte da cidade".
Muito mais que um novo projecionista trabalhando com uma nova tecnologia, Arthur marca uma nova geração no Cinema; é uma garantia de longevidade para esse senhor que é o São Luiz. Atualmente o rapaz procura realizar os cursos de capacitação realizados em São Paulo (capital), pela empresa Barco. "Trabalhar aqui mudou a minha vida, minha forma de pensar e de ver o mundo; posso dizer que sou muito feliz com o que faço e posso me ver aqui, como projecionista, mantendo esse lugar vivo por 30, 50, 100 anos... Quanto tempo eu puder".